Pular para o conteúdo principal
Direito de Família: áreas de atuação e a importância do Advogado

Aspectos jurídicos do Direito de Família no Direito Internacional Contemporâneo


Diante de um mundo globalizado e interdependente, é crescente a interação de povos de culturas diferentes. Estas relações geram efeitos jurídicos, tanto no âmbito interno como no âmbito internacional. Desse modo, muitos casais se veem sobre a influência do Direito Internacional Privado. Em virtude disso, muitas famílias buscam compreender as influências que o Direito Internacional poderá causar no seu seio familiar.
Entre as principais questões, figuram a aplicação legal diante de um casamento entre estrangeiros em um outro estado, divórcios, testamentos, sucessões, criação de contratos, efeito da prescrição estrangeira, processos judiciais estrangeiros e homologação de sentença estrangeira.
O Direito Internacional Privado é um ramo do direito, o qual são definidos princípios e critérios para solucionar litígios nas relações jurídico privadas internacionais. Em outras palavras, é um direito interno que versa sobre o conflito de normas no espaço, isto é, um conjunto de regras que irá conduzir a maneira como a norma de um estado será aplicada frente a um conflito de duas ou mais jurisdições. O Direito Internacional Privado é a projeção do direito interno sobre o plano internacional” (DOLINGER , 2003, p. 10).

“Cada Estado poderia, teoricamente, aplicar o direito interno, indistintamente, a todas as questões jurídicas com conexão nacional e internacional. Na realidade, porém, não é isso o que ocorre, pois todos os ordenamentos jurídicos nacionais estabelecem regras peculiares, concernentes às relações jurídicas de direito privado com conexão internacional”. (RECHSTEINER, 2008, p. 01 e 03)

Em regra, em virtude da Soberania que os estados possuem para se governar, a lei local será aplicada a todos os cidadãos e estrangeiros que se encontrem em sua jurisdição (lex lcoci). No entanto, confrontado com um caso ligado a duas ordens jurídicas diferentes, haverá momentos que o juiz deverá recorrer as normas de DIP para depreender a medida que deverá ser aplicada.

1.      Casamento no Direito Internacional Privado

A regra geral básica do casamento em qualquer estado, é que a lei a ser aplicada será a do local de celebração (Lex Loci Celebrationis). Portanto, se deve ter em mente que o local de celebração que determinará as regras sobre capacidade dos direitos familiares, o nome, bem como as regras sobre o início e o fim da personalidade jurídica.
Regime de Bens: será considerado o 1º domicílio dos nubentes (se o casal tiver bens em dois estados diferentes, por exemplo, a lei a ser aplicada é a do local em que o bem estiver registrado).
1.2   Casamento consular
Modalidade de casamento, a qual um casal de estrangeiros se casa em outro país, diante de uma autoridade diplomática ou consular representante do país o qual pertencem, sediada em território estrangeiro, para que os efeitos jurídicos gerados por aquela união tenham conformidade com a legislação vigente do seu país de origem.
2.      Efeitos do casamento no exterior
Em regra, o casamento realizado no exterior é válido no país de origem do casal, desde que estejam de acordo com a moral e os bons costumes sedimentados no país, onde se queira obter o registro. O casamento realizado por autoridade estrangeira como dito antes é costumeiramente válido, no entanto, para que possa produzir efeitos jurídicos, deve ser registrado em uma repartição do Consulado ou Embaixada.
2.1 Divórcio
Em relação ao divórcio, a situação é mais complexa, haja vista que há outros fatos e direitos envolvidos, decorrentes da relação conjugal, tais como filhos e direitos patrimoniais, havendo a necessidade do acionamento do judiciário para isso. Portanto, após a promulgação da sentença, as partes interessadas deverão iniciar um procedimento de homologação (ratificação), da decisão estrangeira que possibilitou o divórcio, para que a sentença passe a ter efeitos jurídicos naquela jurisdição, a qual se pretende que ela seja validada. Cada estado é soberano e possui suas próprias regras de homologação, por isso é imprescindível a contratação de um advogado na área para a realização de tal procedimento.
3.      Viagem internacional com crianças e adolescentes
O mundo é repleto de lugares incríveis e pontos turísticos fascinantes para se conhecer, o que motiva a saída de centenas de famílias ao redor do mundo para terras estrangeiras. Entretanto, é necessário o cumprimento de alguns requisitos legais, os quais zelam pela proteção da criança e do adolescente. A não observância destes requisitos pode gerar muitas frustrações ao longo da viagem e algumas dores de cabeça. De modo geral, se exige uma autorização judicial por ambos genitores a um terceiro ou de um genitor ao outro genitor para que ele possa sair do país com a criança ou adolescente. Na viagem o requerente deverá apresentar os documentos originais ou cópias autenticadas.
Sem embargo, um dos genitores não pode simplesmente viajar para um outro país com uma criança, com a finalidade de permanência, mesmo que este detenha da autorização judicial do outro genitor, o que pode qualificar o ato como sequestro internacional de crianças caso ela não retorne para seu país de origem.
4.      Convenção de Haia sobre Sequestro Internacional de Crianças
É uma Convenção que foi assinada na cidade de Haia na Holanda em outubro de 1980. Na presente convenção, o termo "sequestro" adota um sentido diferente do habitual. O termo não faz referência a um ilícito criminal, tráfico de pessoas, mas sim civil, quando a criança/adolescente é subtraída por um de seus genitores do país o qual possui "residência habitual", para um estado estrangeiro, onde um deles a impede que tenha contato com seu outro genitor.
5.      Adoção internacional de crianças e adolescentes - Convenção de Haia, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional
É uma convenção que foi assinada em maio de 1993, em Haia (Holanda), a qual regulamenta as diretrizes de adoção internacional. A adoção internacional é aquela realizada por um casal ou pessoa residente ou domiciliada no estrangeiro. Desse modo, a pessoa ou casal interessado em adotar criança ou adolescente que viva em outro país, deverá formular pedido de habilitação de adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional do seu país, para que em momento futuro ela entre contato com a autoridade estrangeira e possibilite a adoção.
6.      Referências bibliográficas
Convenção de Haia sobre Sequestro Internacional de Crianças, 1980.
Convenção de Haia, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, 1993.
DOLINGER, Jacob. Direito internacional privado: parte geral. In Imprenta: Rio de Janeiro, Renovar, 2003.
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado – Teoria e Prática. São Paulo: Saraiva, 2008

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Direito da União Européia É o conjunto de normas e tratados os quais regulamentam as relações entre os 28 países que compõem o bloco econômico da União Européia. É uma esfera supra-nacional que ultrapassa os limites domésticos dos países para um âmbito internacional em que relativiza a Soberania dos Estados com um fim de "desenvolvimento em comum".  Todas as decisões e normas fomentadas possuem caráter vinculante , ou seja, devem ser cumpridas e adotadas pelos Estados. União Européia : É uma união aduaneira (área de livre comércio), onde há a livre circulação de pessoas e uma tarifa única válida para importações entre os países participantes. Principais Instituições   A União Europeia opera através de um sistema de seis instituições federalizadas:   Comissão Europeia , Conselho da União Europeia ,  Conselho Europeu ,   Tribunal de Justiça da União Europeia,   Banco Central Europeu e o Parlamento Europeu. Comissão Europeia : É a instituição responsá
Oferta de Bolsas de Estudo na Nova Zelândia O governo da  Nova Zelândia está oferecendo bolsas de pós-graduação, New Zealand Development Scholarship, para estudantes da América Latina. As bolsas serão para cursos de pós-graduação (6 meses), mestrado (1 a 2 anos) e doutorado ( até 4 anos). Pré-requisitos para a aquisição da bolsas. - - Preferência por acadêmicos que estejam envolvidos na área de agricultura e energia renovável. - É preciso ter pelo menos 18 anos no início do período na Nova Zelândia. - É necessário ser cidadão do país onde se fez o pedido da bolsa, ou ter vivido 2 anos naquele país. - Candidatos que demonstrem forte ligação com o país de origem, capacidade de liderança, envolvimento com atividades acadêmicas  terão preferência. Países contemplados com as bolsas Brasil, El Salvador, Mexico, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Guatemala, Honduras, Equador, Nicarágua, Bolívia, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela. Onde se realiza as inscrições e o
Oportunidade de Intercâmbio na França para Assistentes de língua portuguesa - Ano letivo 2018-2019 Programa Trata-se de uma iniciativa da Embaixada Francesa que visa oferecer a estudantes universitários brasileiros oportunidades de trabalho na França, no setor de ensino da língua portuguesa. Requisitos * Ter entre 20  e 30 anos de idade. * Estar no último ano de graduação para a realização de sua candidatura. * Se possuírem outra graduação, precisam estar matriculados em outro curso de nível superior. * Não há necessidade de um curso específico de graduação, basta que o estudante tenha um bom conhecimento do francês e esteja enquadrado no nível B1 do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas.   Objetivo Oferecer aos jovens brasileiros oportunidades de inserção na cultura francesa, além de promover o intercâmbio cultural e linguístico entre Brasil e França. Por esse motivo apenas estudantes brasileiros podem participar do programa