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A coroação e o futuro da monarquia britânica


O futuro da monarquia britânica, agora sob o comando de Charles III, tem implicações políticas, econômicas e sociais não apenas para as quatro nações que fazem parte do reino, mas também para os países que compõem a Comunidade Britânica das Nações, muitos ainda com o monarca britânico como seu chefe de Estado. Além do Reino Unido, o rei é chefe de Estado de outros 14 países e lidera a Commonwealth (Comunidade das Nações), conjunto de 56 antigas colônias britânicas.

A confirmação de Charles III como rei, ocorreu após a posse do trono no último sábado 06 de maio. Quase oito meses após a morte da rainha Elizabeth II, a cerimônia foi menos luxuosa que a de sua mãe, em 1953. A justificativa de uma coroação mais econômica se deu pelos movimentos antimonárquicos que embalam o Reino Unido, e pelo fato do dinheiro utilizado para produção do evento ter sido retirado dos cofres públicos, que são pagos pelos contribuidores britânicos.

Cumpre destacar que a característica marcante do evento foi o caráter litúrgico religioso, além do protagonismo de mulheres e negros, em decorrência da série de denúncias e acusações que giram entorno da família real nos últimos anos. Charles recebeu do moderador da Igreja da Escócia uma Bíblia, referindo-se a ela como a ‘lei real”. A Igreja da Escócia é de orientação calvinista presbiteriana, e é compromisso do rei defender sua independência.

Em seguida, houve uma breve oração na intenção de que Deus proteja o rei, o primeiro ministro britânico, Rishi Sunak, que é hindu, leu o trecho bíblico de Colossenses 1:9-7, que proclama o reino de Cristo sobre todas as coisas. Houve também a apresentação do grupo gospel Ascension Choir, formado por cantores negros, selecionado com o escopo de sinalizar a diversidade de fé e de raças, cantou "Aleluia".

A pompa e circunstância tradicionais da coroação se misturaram à diversos acenos à diversidade étnica, cultural e religiosa do reino, o que, além do ar de modernidade, é interpretado como uma reação aos ventos republicanos que sopram em vários cantos. Além disso, a histórica falta de charme de Charles foi posta à amostra por seu semblante fechado em diversos momentos da cerimônia. Um dos pepinos que Charles III tem pela frente é justamente convencer catorze países da Commonwealth, a associação das ex-colônias, a seguirem sendo monarquias constitucionais.

Em resumo, os três dias de festa pela coroação representaram uma oportunidade para exibir ao país e ao mundo mais um dos espetáculos de relações públicas com a grandiosidade que só a família real britânica consegue fazer, fundamentais para que ela continue a existir e a reinar – pelo menos de forma simbólica – em nações como Austrália e Nova Zelândia. Com isso, a Corte inglesa visou demonstrar ao mundo mais empatia e pluralidade, a fim de conquistar mais apoio nacional e em âmbito internacional. 

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